sábado, 25 de dezembro de 2010

FELIZ ANO 2011


A TODOS OS COMPANHEIROS TERTULIANOS,"BARRANAÇOS" E AMIGOS DA ADEGA

AMÁVEL, DESEJO UM PRÓSPERO ANO NOVO.

ATÉ AO MEU REGRESSO.

C.BOTAS

domingo, 19 de dezembro de 2010

Cortaram as asas à Vitória!


O tertuliano que escreveu a crónica anterior e que a não assinou (falta grave, pois nesta tertúlia ninguém é anónimo)fala de um caso (triplo homicídio)que fez as manchetes da imprensa do dia. Mas o que é isso ao pé do impedimento do voo da "Vetóirinha" ontem, que deixou os milhares de batanetes com ar embasbacado? Quantos batanetes em vão esperaram? Porquê a proibição do voo? Lá que a coitada da ave vive em cativeiro é verdade. E se calhar o voo vinha de Guantanamo.Provavelmente o Orelhudo, emérito apoiante do candidato Alegre, tem de alinhar com a esquerda anti-imperialista. Se é assim, ainda substituem a águia pelo "rotweiler" Ana Gomes e, pelo menos,a segurança do túnel fica reforçada.
Caló

As nossas Regiões


Via hoje o noticiário na televisão e eis senão quando dão a notícia de um achado macabro: três corpos de bulgaros abatidos a tiros da caçadeira junto de uma carrinha, num monte abandonado nos arredores de Aljustrel.
O nosso compadre, ao qual se deparou tão inóspita situação, descrevia assim:
- Um estava deitado no chão de papo pr'ó ar; os outros dois enrolados;
Nem tive apetite para almoçar.
Em poucas palavras descrição mais fiel não podia haver, mas interroguei-me sobre a forma como este povo encara as coisas da vida.
Oiço frequentemente pessoas descreverem coisas escabroras que acontecem no interior da nossas beiras com aquela pronúncia sibilina, como se elas próprias fossem cobras cospideiras.
Portugal aderíu há muito ao sistema métrico internacional; mas que dizer de uma gente que, recebendo sem qualquer justificação, financiamentos incontrolados do "contenente", continuam a medir os comprimentos dos túneis e estradas em "colhómetros"?

Jorge Leiria

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

sábado, 11 de dezembro de 2010

Homenagem a quem organiza as festas de Natal


Retirado do Blogue "A Vida de um Chalado"

COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS
De: Patrícia Gomes - Directora de Recursos Humanos
Data: 2 de Dezembro

Assunto: Festa de Natal

Tenho o prazer de informar que a festa de Natal da empresa será no dia 23 de Dezembro, com início ao meio-dia, no salão de festas privativo
da Churrascaria Grill House. O bar estará aberto com varias opções de bebidas.
Teremos uma pequena banda tocando canções tradicionais de Natal...sinta-se à vontade para se juntar ao grupo e cantar! Não se surpreenda se o nossoVice Presidente aparecer vestido de Pai Natal! A arvore de Natal terá as luzes acesas às 13:00.
A troca de presentes de "amigo secreto" pode ser feita em qualquer altura, entretanto, nenhum presente devera exceder EUR10,00, a fim de
facilitar as escolhas e adequar os gastos a todos os bolsos.
Este encontro é exclusivo para funcionários e família. Na ocasião, o nosso Vice Presidente fará um discurso bastante especial.Feliz Natal
para todos.

Patrícia

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COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS
De: Patrícia Gomes - Directora de Recursos Humanos
Data: 3 de Dezembro

Assunto: Festa de Natal

De maneira alguma o memorando de 2 de Dezembro sobre a Festa de Natal pretendeu excluir os nossos funcionários judeus! Reconhecemos que o Chanukah é um feriado importante e que costuma coincidir com o Natal, mas isso não acontecerá este ano. Portanto, passaremos a chamá-la "Festa do Fim do Ano", pois teremos em conta também todos os outros funcionários que não são cristãos e aqueles que celebram o Dia da Reconciliação. Não haverá árvore de Natal. Nada de canções de natal nem coral. Teremos outros tipos de musica que agrade a todos.
Felizes agora?
Boas festas para vocês e suas famílias,

Patrícia
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COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS
De: Patrícia Gomes - Directora de Recursos Humanos
Data: 4 de Dezembro

Assunto: Festa do Fim do Ano
Em relação ao bilhete (anónimo) que recebi de um membro dos Alcoólicos Anónimos solicitando uma mesa para pessoas que não bebem álcool...
terei todo o prazer em atender o pedido, mas, se eu puser uma placa na mesa a dizer "Exclusivo para os AA", vocês deixarão de ser anónimos, não será?...Como faço então?
Quanto à troca de presentes, esqueçam! Não será organizada uma vez que os membros do sindicato acham que 10 euros é muito dinheiro e os
executivos acham que 10 euros é muito pouco para um presente. Portanto não será organizada NENHUMA TROCA DE PRESENTES!
De acordo?

Patrícia

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COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS.
De: Patrícia Gomes - Directora de Recursos Humanos
Data: 5 de Dezembro

Assunto: Festa do Fim do Ano

Mas que grupo heterogéneo o nosso!!! Eu não sabia que no dia 20 de Dezembro começa o mês sagrado do Ramadão para os muçulmanos, que
proíbe comer e beber durante as horas do dia. Lá se vai a festa!
Agora a sério, entendemos que um almoço nesta época do ano seja um problema para a crença de nossos funcionários muçulmanos... Talvez a Churrascaria Grill House possa assegurar o serviço de buffet até à noite ou então, embalar tudo para vocês levarem para casa nas marmitas. Que acham?
E agora mais novidades:
• consegui que os membros dos "Vigilantes do Peso" se sentem o mais longe possível do buffet das sobremesas;
• as mulheres grávidas poderão sentar-se o mais perto possível das casa de banho;
• os homossexuais podem sentar-se juntos;
• as mulheres homossexuais não terão que se sentar junto dos homens homossexuais, que terão uma mesa própria, e sim, haverá um arranjo de flores no centro da mesa dos homens homossexuais;
• teremos assentos mais altos para pessoas baixas;
• e estará disponível comida com baixas calorias para os que estão de dieta.
• Nós não podemos controlar a quantidade de sal utilizada na comida, portanto sugerimos que as pessoas com tensão alta provem a comida antes de comerem.
• E, claro, haverá mesas para fumadores e outras para não fumadores.
Esqueci alguma coisa?

Patrícia
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COMUNICADO PARA TODOS FILHOS DA PUTA QUE TRABALHAM NESTA EMPRESA
De: Patrícia Gomes - Directora de Recursos Humanos
Data: 6 de Dezembro

Assunto: Festa do Fim do Ano da PORRA

Vegetarianos!?!?!??!
Sim, vocês também tinham que dar a vossa opinião de merda ou reclamar de alguma coisa!... Nós manteremos o local da festa na Churrascaria Grill House; quem não gostar que se foda! Não vá, desampare a loja! Ou então, como alternativa, seus fedorentos, podem sentar-se afastados, na mesa mais distante possível da tal "churrasqueira da morte" - como vocês lhe chamam.
E terão também a vossa mesa de saladas de merda, incluindo tomates ecológicos da casa do caralho e arroz pegajoso para comer com pauzinhos.
Aqueles que, naturalmente, ainda não gostarem, podem enfiar tudo no cu!
Mas como vocês devem saber, os tomates também têm sentimentos! Os tomates gritam quando vocês os cortam em fatias. Eu mesma os ouvi gritar! Eu estou a ouvi-los gritar agora mesmo!!!!!
Ah, espero que vocês todos, mas todos, os parvos dos crentes e os cretinos dos ateus, os paneleiros, as fufas, as mariquinhas das prenhas, os estupores dos fumadores e os chatos dos não fumadores, os cobardes dos bêbados anónimos e os fedorentos dos vegetarianos, todos vocês sem excepção, tenham uma merda de fim de ano!
E que guiem bêbados e morram todos, todinhos espatifados e esturricados por aí!
Entenderam?
Da Vaca, directamente para a puta que os pariu

COMUNICADO PARA TODOS OS FUNCIONÁRIOS
De: João Pacheco - Director de Recursos Humanos INTERINO
Data: 9 de Dezembro

Assunto: Patrícia Gomes e a Festa do Fim do Ano

Tenho a certeza que falo por todos nós desejando para a Patrícia um rápido restabelecimento para a sua crise de stress e podem estar
certos que me encarregarei de lhe enviar as vossas mensagens para o sanatório.
Venho comunicar que a direcção decidiu cancelar a Festa do Fim do Ano e não dar folga a todos os funcionários na tarde do dia 23 de
Dezembro.
Boas Festas!

João

Fado da Tendinha pela mais castiça fadista de sempre

Há atrações literalmente fatais e que podem terminar numa grande confusão. Que o digam a fadista Hermínia Silva , o forcado e o estivador... ora venham daí saber porquê.
Anos 60, restaurante "Solar da Hermínia". Tal como o nome indica, esta casa de fados pertencia à saudosa Hermínia Silva (que em relação ao povo deve ter sido mais acarinhada do que a própria Amália), essa grande fadista popular, do cinema, da revista... enfim, se isto fosse medicina ela teria sido uma fabulosa médica de clínica geral. Percebia de tudo.
Numa noite ela ficou sem guitarrista e não conseguia encontrar ninguém que estivesse livre. Como último recurso, lembrou-se de um tipo que era o "Joaquim Alemão", um estivador que tocava só aos fins de semana. Era o género de guitarrista do desenrasque.
A Hermínia tinha por mania ensaiar o reportório com os guitarristas novos na cave e nesse dia cumpriu a tradição. O Joaquim tinha uma adoração secreta por ela e quando a viu já toda meio produzida engoliu em seco e manteve a calma enquanto ensaiava. Para que não restem dúvidas: A Hermínia era um verdadeiro mulherão, muito vistosa.
Com o vestido justinho, parecia uma viola...
No início da noite começaram os fados e ela era a última a cantar. Quando apareceu com um vestido justinho... parecia uma viola, com as curvas todas acentuadas. Pôs-se à frente do "Alemão", virada para o público, pronta para cantar. Ele começou a tocar, enquanto olhava insistentemente para o rabo dela. Ao fim de uns acordes não resistiu, deu-lhe um palmadão no rabo e disse: "Ah fazenda!".
O marido da Hermínia, que era o Guerreiro, forcado em Benavente, não foi de modas: Saltou da mesa e atirou-se ao guitarrista. A noite de fados acabou por ali, com um verdadeiro duelo entre um forcado e um estivador. Escusado será dizer que o Joaquim teve de meter a viola no saco e sair dali mal conseguiu.
Do blogue "Hist´rias Giras do Fado" por Vital d'Assunção

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A dívida metódica ou o benefício da dívida


Esta questão da dívida está a bater na cabeça de todos. Está a transformar-se numa dívida metódica. Tal como Descartes teve que isolar-se em profunda reflexão, eliminando as ideias que suscitassem qualquer tipo de dúvida, cada vez mais temos também que isolar-nos em profunda reflexão, para fugirmos dos gastos que, mesmo sem podermos, fazemos, aumentando o encargo da dívida.
Mas depois, é a tal chatice. Mais sós, em casa, mais internet, mais Sport TV, mais cabo, mais gastos, mais dívida. Lá vamos aumentá-la.
Mas, apesar de tudo a dívida traz benefícios. São os benefícios da dívida. Ficamos a saber muita coisa que não sabíamos. Reformados com 3 e 4 reformas. Reformas de valores acima de qualquer dívida. Empregos públicos com ordenados duvidosos.
Nos privados, não há qualquer dúvida! Tudo rapaziada honesta, que só vive para o trabalho e para pagar impostos. Nunca se aproveitaram do público, nem contribuíram para a dívida. Os funcionários públicos, principalmente os professores, que têm ordenados brutos acima dos 1500 €, esses sim, têm que levar porrada, porque aumentaram a dívida. Então os bandidos, mal formados, andaram a comprar produtos tóxicos, andaram no mundo do sub prime, passaram a vida a negociar futuros, em vez de dar aulas? Contribuíram para que o BPN e o BPP chagassem àquela situação? Para eles, “ten per cent”, sem dúvida. Aqui, não há dúvida. Se não há dívida é certo que vai aparecer.

Porra, ninguém escreve. A crise está a chegar ao blogue TA

Augusto Miranda

Caló, lá terás que enfeitar a prosa...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Há ciúmeira na Nato


Para mim o facto mais importante da Cimeira da Nato foi o atraso de Berlusconi."Penso eu de que" passou boa parte da tarde no Elefante Branco com o Pinto da Costa, enquanto os outros líderes iniciavam os trabalhos.Admiram-se? Então eles não pertencem ao G14, ou lá o que é, na UEFA? E ambos não têm interesses no negócio da fruta? E não são dois homens do Norte?
Estou a ouvir o Bimbo da Costa a dizer-lhe "Fica aqui que estás melhor ó Berlusconi. Já vais daqui a bocado no intervalo, quando os gajos servirem uns cimbalinos e umas bolachinhas. Olha, aproveita para umas conversações bilaterais aí com essa romena". E o italiano, recostado no sofá, com a romena sentada no seu colo enquanto joga a mãozinha marota ao cu de uma polaca de 1.85m. "Io preferisco gli relazione multilaterali. Capisce?" e pisca o olho ao parceiro. "Tu hai raggione Giorgio Nuno, siamo piú sicuri qui con gli putane che en la reunione con sui figlii"
"Não tenhas dúvidas Sílvio. Ainda tinhas que empernar com a senhora Merkel para te distraires, enquanto os gajos contavam mísseis e submarinos...eh, eh, eh. Material de combate bom é aqui no Elefante. Guarda amico, olha só pr'á data de aviões que aqui há"
"Vero bambino, anche io sono impressionato con questo porta aeronave."
E lá sairam à tardinha, já pinguços, a gritar vivas ao Pacto de Varsóvia!!!
Caló

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Não posso receitar outro marido...


Hesitei no título e confesso que também na publicação. Mas que há serviços que funcionam bem, há! E há que dizê-lo.
Ontem, dia 15, arranquei para Lisboa, pelas 13,30 h, pois tinha que fazer um exame no Hospital de Santa Maria pelas 17 h, devendo comparecer meia hora antes. Assim foi. Para meu espanto, às 17, justamente às 17 h, o meu nome soa no altifalante que todos os que já passaram pelos hospitais públicos identificam com as urgências e as consultas externas. Lá fui fazer o exame. Espirometria, capacidade vital, mecânica ventilatória, capacidade de difusão do CO2, oximetria...Uma técnica jovem, bonita, simpática, que eu senti bem com o que fazia, animava-me e puxava por mim para dar tudo o que tinha, para que os resultados do exame fossem o mais fiáveis possivel. Idade, peso, há quanto tempo fuma, quantos cigarrros por dia?....Lá fui respondendo...No fim, à pergunta sacramental - como estamos? - foi dizendo que as coisas não estavam famosas, mas que para quem tanto fumou e durante tanto tempo, até podiam estar piores. Lá nos despedimos com um "foi um prazer", estranho para quem se conheceu por motivos de doença. Talvez não. De um lado quem se sente bem com o que faz. Do outro alguém que, em momento de alguma fragilidade, sente que nem "tudo vai mal no reino da Dinamarca".
Bom, lá fiquei com os resultados dos exames, altamente técnicos, para mostrar ao médico, no dia seguinte. Consulta marcada para as 12,30 h.
Compareci às 12h, conforme me foi transmitido aquando da marcação. Marquei presença e fui sentar-me na sala de espera, lendo as últimas do Diário de Nitícias e do Record, jornais cuja leitura diária vai fazendo partes de alguns dos "quase vícios" de que me não quero libertar, já que alguns vícios outros me obrigam a deixar, apontando-me com a espada do tal gajo que era súbdito de um monarca de Siracusa.
Às 12,30 horas, lá se ouviu o meu nome num altifalante igualzinho ao do dia anterior, embora a sala de espera fosse agora 6 pisos abaixo, na prumada da primeira. À hora marcada, mais uma vez... Comentei com a minha mulher a eficiência dos serviços, num Hospital com aquela dimensão...O título devia trazer à baila o facto de ainda haver serviços que, no meio de tudo aquilo que se passa actualmente no país, têm funcionamento de excelência.
E só há livro de reclamações...
O médico, professor da Faculdade de Medicina, o tal que à hora exacta lá estava, viu todos os exames que fiz, auscultou-me e lá veio com a sentença de que havia que decidir entre o tabaco e a vida com alguma qualidade. Fumando, o tal enfizema irá galgando rapidamente. Sem fumo, lá se vai aguentando. Receitou-me o habitual em casos que tais...Terei que snifar uns pós para o resto da vida, para ajudar à função respiratória. Tudo bem...
A minha mulher, assistindo a tudo, vai colocando questões.
O meu marido gosta muito de sair à noite e no Algarve muitas vezes a humidade é manifesta, não será prejudicial? No verão passamos férias na praia e lá está ele na conversa e bebendos uns copos com amigos pela noite dentro, com cacimba a montes, não será prejudicial? Agora, coordenador do Programa "Allgarve", com muitos espectáculos à noite, não devia repensar a situação?
O médico, com a postura tranquila de que só um sportinguista é capaz, olha para a São e diz:
- Minha senhora, um marido novo não lhe posso receitar..
Despedimo-nos até à próxima consulta, dia 11 de Março de 2011, pelas 9,30 horas. Lá espero estar...

Parabéns para o Botas.
Já posta..
Saia uma ilustração a preceito.

Augusto

sábado, 13 de novembro de 2010

GRANADA

ATENDENDO QUE NA PENÚLTIMA "REUNIÃO" ,NÃO LEVEI A MÚSICA PRÓPRIA
PARA O JANTAR, NA PRÓXIMA SERÁ ENTREGUE ( COM A M/PENALIZAÇÃO)
PARA RER CANTADA "COMO DEVE SER PELO TABERNEIRO -MOR JOÃO
BOTAS

PERIMQUIMPERO

Ainda hoje"choro"pela adaptação desta musica.é unica .acho que teremos de ouvir "again".
abraços.
Botas

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Perimquimpero


A amável confraternização da última quarta-feira foi superiormente convocada pelo Caló com uma apelativa mensagem de telemóvel que, depois de referir prova gustativa, dizia que o cozido de grão no osso de presunto estava de assobios. Compareceram à hora marcada - o serviço seria a partir das 19,30 h - este que está escrevendo, o Botas, que vinha da sua hora de marcha no estacionamento do Teatro Municipal e o Jorge Leiria que teve de deslocar-se a casa, por problemas na canalização. O Grosso viria muito mais tarde, artilhado de azeitona preta, pequena, feita a gosto dos tertuliantes presentes, que logo colocaram de lado a azeitona britada, salgada para a idade do pessoal, que o taberneiro serviu nas entradas, juntamente com queijinho fatiado e torresminhos fritos a preceito. É pouco bom, é!

Bastou pequena troca de palavras para se verificar que o Caló não havia provado o grão, nem nada que se parecesse, pois o rapaz estava ainda a contas com o cozido à portuguesa, com todos os matadores, material do combate que teve ao almoço.

Estaria também às voltas com a canalização...

Convenhamos que para rapaziada já a caminho dos 60, dois combates num mesmo dia com tais ingredientes deixam qualquer um em estado de prostração, só de pensar na trabalheira digestiva que os produtos exigem.


Foi servido o grão...Divinal...Nem o pequeno toque de ranso lhe faltava... O Jorge procurava com afã o toucinho da papada que cortava em fatias finas, com a naifa da tertúlia. Depois colocava no pão, espremia com o garfo e deliciava-se, apesar da contínua necessidade do recurso à limpeza sudorífica com que andropausa espreitadora vai chateando um homem quando menos se espera...


Entretanto chegou o Caló. A cara de sofrimento com que se apresentou logo se aliviou quando, já em hora de sobremesa se passou aos digestivos. Não perdoou o whisky da praxe, apesar de ter em cima da mesa um Brandy Borges, seguramente com 40 anos, que este escriba apresentou.


Já na hora da debandada claro que apareceu a viola. Aí, depois de um fado coimbrão superiormente cantado pelo Grosso, com dedilhados sevilhanos, recitei a grande quadra pinguça, que me faz sempre lembrar o meu amigo Cerdeira


-Se los rios fueram viño

-Aguardente todo el mar

-yo no me quedaria em terra

-yo me iria a navegar.

(O espanholês deve estar mal. Paciência. Conta a intenção.)


O taberneeiro João vai-se aproximando põe aquele braço cúmplice no meu ombro e, chegado o momento do refrão, entra com toda a cagança:


perimquimpero, perim, perim

perimquimpero, perim, perim..

......

E a malta olhou-se e lá foi inovando no perom pom pom...


Só falta ilustrar.


Augusto Miranda


PS: Botas, a colocação do post do vinho-medicamento deu uma trabalheira maluca. Tive de frequentar uma acção de formação.



...-

VINHO COMO MEDICAMENTO









Só vinhos Franceses... em todo o caso fica a dica. Pode ser que algum "expert" converta para os vinhos Portugueses.

"Vinho o Medicamento Premium"

DEPOIS QUE SOUBE DOS BENEFÍCIOS DO VINHO, MONTEI UMA FARMACINHA NO CHÃO DA COZINHA!!!

Os benefícios do vinho...


Doença


Vinho


Dose Diária


Alergias


Médoc


1 copo


Anemia


Graves


4 copos


Arteriosclerose


Moscato


4 copos


Bronquite


Borgonha ou Bordô
(+ açúcar e canela)


3 taças


Constipação


Anjou blanc ou Vouvray


4 copos


Afecções coronárias


Champanhe seco


4 copos


Diarréia


Beaujolais nouveau


4 copos


Febre


Champanhe seco


1 garrafa


Coração


Borgonha, Santenay rouge


2 copos


Gota


Sancerre, Pouilly Fumé


4 copos


Hipertensão


Alsace, Sancerre


4 copos


Transtornos damenopausa


Saint Emilion


4 copos


Depressão nervosa


Médoc


4 copos


Obesidade


Bourgogne


4 copos


Obesidade severa


Rosé de Provence


1 garrafa


Reumatismo


Champanhe


4 copos


Emagrecimento anormal


Côte de Beaune


4 copos


Fígado preguiçoso


Champagne seco


4 copos



Transtornos renais
Cálculos renais


Gros Plant
Chardonnay


4 copos
2 copos


(terá que ver o que é mais caro, os remedios ou o vinho...)



Média de vida humana:
- 59 anos para quem bebe água .
- 85 anos para quem bebe vinho.
- 87% dos centenários são bebedores de vinho.



O Vinho é o leite dos idosos.



O vinho é a mais saudável e higiénica das bebidas.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Tudo isto existe...


Estava eu posto em sossego, após ter-me batido com uma cabeça de safio em molho branco de lamber os dedos, por mim próprio confeccionado, com receita aplicada no Vitória Clube do Alto Rodes (posso fornecer aos interesssados), ouvindo um fadinho chorado da guitarra do saudoso e virtuoso Armandinho, na RTP1, aproveitando o silêncio que sempre se sente nas ruas quando os batanetes estão a jogar. Eis que a emissão é interrompida. Seria um golo de Paços de Ferreira que poria o país em profunda depressão? Será chuva, será vento? Golo não foi certamente e Ai JESUS era o fim! Era apenas o monstro de Boliqueime a dirigir-se ao país após a reunião do Conselho de Estado para debater a crise que o país atravessa. Arrotei eu e arrotou o safio, indispostos com estes critérios de serviço público da nossa deficitária estação. Ainda fiz um zapping pelos canais domésticos mas lá continuava o estadista (ou estradista, tanto foi o asfalto que derramou sobre o país?)com debitar grave e pose rústica (ao menos se mantivesse "montanhêro" autêntico).Como escapar a isto, sem tintol à mão? Então lembrei-me de vir até aqui, e agora vou-me embora, que a guitarra do Armandinho já geme outra vez!
Caló

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

The man is back to the game


Foi com "lídima expressão e voz sentida" que o nosso taberneiro saudou o regresso às lides do recuperado Augusto "Peça Tinto" de Miranda. O nosso taberneiro apresentou-se em grande forma melódica, bem secundado pelos restantes pinguços presentes. Em louvor do ressuscitado, cantou-se o fado, de Coimbra inclusivé, houve mornas e coladeras, tangos e "chansons soixantiards", ritmos del caribe, poesia interpretada de forma sublime pelo senhor Jorge da Conceição e outros salteados acepipes musicais.
Grande jornada, onde o AALTO PS reapareceu para regalo de (quase) todos. Petiscos bem saboridos, como é uso da casa, ajudaram a compor o fantástido cenário.
Ao recuperado 3 vivas, pois ainda por cima festeja hoje mais um aniversário.

domingo, 10 de outubro de 2010

Não te preocupes




Pr'á tosse, catarro e "cólmeira"
já há um "kit" encomendado
para teres à cabeceira,
se na próxima quartafeira
continuares acamado.

António Duarte disse
Só falta o cavalo;;;;

António Duarte disse

Um Tertuliano mandou esta quadra:
O vinho é bebida santa
Por isso é tão bela
Pois todo o mundo sabe
Que não Há missa sem ela.
Filipe Assunção.
AALTO PS

Oh gloriosa maralha que às quartas
Se apresenta na nobre Adega Amável
Que até a murraça diz formidável
À míngua de Mouchão ou outras marcas!!!

Mas quando algum incauto convidado
Vem de boa vinhaça guarnecido
O supertinto logo é esquecido
Em nome, até, de vinho importado!

A ver passar comboios, acamado,
Este que a boa pinga não esquece,
Tem tosse, catarro e não sei mais quê.

Se foi pelo blogue desafiado,
Pois bem, beberá AALTO PS
E até ABAIXO PSD!!!


Faro, 9 de Outubro de 2010, no âmbito das comemorações do centenário da República.
Aí estarei na próxima tertúlia,

Augusto Miranda

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A conjuntura assim o exige


A tertúlia não quis deixar de aderir à plataforma sindical para a próxima greve geral e apetrechou-se de uma palavra de ordem para aquele dia. Mas passemos ao que interessa: O VINHO, porque o AALTO PS não é só um apelo contra o PEC. É uma distinta pinga da "apellation" Ribera del Duero. Este de 2005 então é uma verdadeira pomada, como há muito não escorria pelas as tertulianas goelas. O Aalto PS é o topo de gama da marca Aalto, só produzido em anos excepcionais. PS significa Pagos Seleccionados (Pagos são as vinhas). Completamente negro no copo, tem um nariz inicialmente tímido, onde o carvalho pouco se sente, apesar de ter aí estagiado mais de 15 meses em barricas novas. É marcado por fruta preta, ligeiramente confitada, com uma nota balsâmica fresca. Na boca apresentou-se concentrado, com taninos que não agridem e acidez domada, que lhe dá longevidade. Um final de boca longo, de um vinho que conjuga atracção, potência e intensidade. Mesmo muito bom!
Espero que o confrade Miranda, apesar de socialista, na próxima semana adira connosco a este AALTO PS.
Caló

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Já não há caixas de ar como antigamente


Há três gloriosas quartas
Aqui estou acamado
Do amável petisco afastado.

Perdi a conta às horas de tosse
Em que de dentro como que fosse
Sair-nos até a própria alma.

Seguiam-se momentos, curtos, de calma.

O telefone foi tocando...
Mil conselhos avisando
Dos cuidados com recaída.
Em duas quartas, alento de vida,
Sai o coro dos pinguços,
Directamente da Adega Amável,
Cantando o hino notável
Ou melhor, o notável hino
"Casei, tive um menino"

Foi bom ouvir-vos no silência da doença.

Abraçando

Faro, 30 de Setembro de 2010
Augusto Miranda

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Craque da Tertúlia falha dois encontros



Os encontros das quartasfeiras (europeias) de glória, que estiveram interrompidas em Agosto, regressaram este mês. Esta interrupção foi fatal para um dos principais elementos do "primeiro team". Sem as doses recomendadas do xarope "supertinto", o homem baixou a guarda e ficou indefeso perante as cacimbas nocturnas da ilha de Faro.
Em virtude desta baixa de vulto, no último encontro os tertulianos não foram além de um empate:Tertulianos 4 - Vasilhame 4!
Caló

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Um passeio à Praia de Faro


É tempo de praia e o calor convida a um banho refrescante nas salsas águas da Ria Formosa.
Apanhei o barco da carreira para a ilha de Faro. Além de se evitar o problema do estacionamento, desfruta-se de um passeio agradável por um preço que não se pode considerar exorbitante – 3 euros ida e volta. Recordem-se os saudosos tempos do Isabel Maria, do Santa Natália (vulgo Cantiguinhas) e posteriormente do Ria Formosa, para só falar dos mais antigos.
Entre alegres mergulhos e cervejolas, encontrei no Zé Maria o meu primo João que, como é seu hábito hospitaleiro, amavelmente me convidou para umas flutezinhas do branco fresquinho. Devido ao encasquilhamento da garrafa com aqueles sacos que conservam o frio, estou em crer que sim, mas não posso assegurar, que se trataria do Prova Régia, não o recente 2009 de Bucelas da casta Arinto, da Companhia das Quintas, lançado no mercado em Junho deste ano, mas um outro que o amigo Caló identificaria como próximo do seu refrescante Barbadilho. Enfim, muito agradáveis, tanto o vinho como a companhia.
Apesar disso, eram quatro e um quarto, tive que enrolar a trouxa e meter pernas ao caminho para apanhar o “gasolina”.
Debaixo de um calor ainda abrasador, ia eu andando pela passadeira marginal entre a casa dos Batistas da Citroen e a antigamente chamada ponte do meio, em frente das instalações balneares do Refúgio Aboim Ascenção, quando me apercebo pelo canto do olho que de diversas viaturas me faziam sinais eivados de alguma cumplicidade. Ora se não estava nas traseiras do Hotel EVA, o sol ainda ia alto e o meu trajo era discreto, tanto quanto podem ser discretos um calção, um pólo e umas sandálias, interroguei-me, o que é que leva esta gente a fazer-me estes sinalefes? Vieram-me à memória as notícias frequentes do Correio da Manhã, do 24 Horas (paz à sua alma) e de outros, sobre homossexualidade, pedofilia, proxenetismo, e onde tudo se interpenetra, culminando, quiçá, nos homicídios mais sórdidos e hediondos. Resolvi encarar a situação com frontalidade. Que vejo? Na viatura do meio, um Volvo antigo derreado na traseira ao peso das geleiras, dos garrafões do briol e das sandochas, eis enfim, uma família. Os putos guinchavam que nem saguins. Atrás, num carro incaracterístico, um casal de idosos, ele congestionado à beira do colapso, a velhota abanando com um leque, desesperadamente, o calor do sol e da menopausa. À frente, num Corsa comercial, dois namorados, o marmanjo ansioso para na praia lhe mostrar o caparro, ela insultando-o, desde o comportamento dos progenitores até à configuração da testa, pela figura foleira que a fazia passar. Descansadamente, concluindo ser gente de bem, que ao verem qualquer coisa que mexesse, com um saco na mão, presumiam tratar-se de uma potencial vaga de estacionamento, afastei os meus fantasmas e prossegui em paz comigo e com o mundo.
Contudo, não pôde de deixar de recordar o que há poucos dias me dizia um amigo – “Ainda somos do tempo em que fumar ficava bem, ser paneleiro caía mal”.

Jorge Leiria

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Dos Alqueives, com amizade


Depois de um ano sem ter colocado os pés na Quinta dos Alqueives - Porches - fomos encontrá-la num estado desolador: cave inundada pela imensa chuva caída durante este Inverno, mato enorme à volta da casa, o tanque/piscina com as águas paradas de dois anos a abrigar a inevitável diversidade biológica (sapos, salamandras, etc.). Tem sido pois uma semana de intenso e imenso trabalho a limpar interior e exterior da casa. Isto é que tem sido esfregar, capinar, carregar "toneladas" de lixo, tudo isto sob um calor abrasador. Mas tem valido a pena, pois a recompensa surgiu passados 5 dias a dar no duro: o tanque já é piscina, o "barbecue" já trabalha e o alpendre está funcional. Ainda há sinais de um certo caos, mas com este meu triângulo vital recuperado os dias já são outros. O triângulo, já se vê, é constituído pelo alpendre, o grelhador e o tanque, distanciados entre eles por meia dúzia de passos.
Tudo isto vem a propósita da desventura gastronómica do meu amigo Jorge, nas suas miniférias nórdicas. Para lhe fazer inveja, tenho então a comunicar-lhe que no alpendre já se concentraram os aromas da incontornável caldeirada, regada com um branco algarvio que vivamente aconselho no combate à canícula. Trata-se do João Clara (adquiri-o no Jumbo de Lagoa por cerca de 4 euros). Um branco muito leve mas bastante aromático, na linha do su hermano Barbadillo.Também já estalaram sobre as brasas umas saborosas sardinhas de Portimão, embora não tenham estado à altura da sua tradição. Também elas acompanhadas pelo meu novo amigo, o tal João Clara.Ontem, com as condições de habitabilidade já substancialmente melhoradas, resolvi adquirir uns percebes de Vila do Bispo, cuja cozedura iniciei por volta das 20h, após uns valentes mergulhos no tanque, já praticamente cheio pela água do furo que para lá corre há 3 ou 4 dias (e se aquilo mete água, são quase 20 metros de comprido por 12 de largo!).
A acompanhar, o quê melhor que um espumante bem geladinho? A escolha recaiu num dos que melhor nos satisfizera numa quartafeira de glória, aqui atrasado, como diz o Augusto.O Côto de Mamoelas. As satisfação repetiu-se duplamente: elas foram duas, as mamadas por mim e pelo meu cunhado Pálinho, também ele pinguço encartado.
Continuou a refeição uma barriga de atum no carvão, acompanhada por um divinal Esporão Tinto, reserva de 2006. Eram já 3 da manhã quando recolhemos aos aposentos, após longa cavaqueira à luz de uma Cutty Sark de 12 anos. O tunídeo trouxe-me à memória o grande dia que aqui tivemos no ano passado, eu e o Jorge e mais o Afonso e o John Leão. Se tudo correr normalmente, uma edição especial de Agosto da Tertúlia Amável terá aqui lugar. Até lá roam-se de inveja (NNHHEUM)!
Tertuliano Caló
Há uns anos esteve na moda falar mal do Algarve. A invasão de estrangeiros, a arribação de humildes paisanos, que conquistaram o direito a férias e os crimes ecológicos e urbanísticos foram argumentos que muitas vezes escutei, contrariado, a gente cheia de manias, que confundindo e copiando mal outras coisas, quis maldizer da minha paixão pela vossa terra. Eu cá sempre experimentei uma imensa sensação de felicidade ao pisar solo algarvio e a fabulosa linha de praias a perder de vista deixa-me fascinado há mais de 30 anos. Neste Verão de 2010 parece-me cada vez mais improvável que aí possa passar alguns dias. Os meus dois filhos que, entretanto, cresceram, estudam e cumprem o serviço militar noutras estações, manifestaram o profundo desejo de vir às ilhas matar saudades nesta precisa época do ano. E a mais do que apetecível participação na vossa tertúlia de Agosto, nos Alqueives, terá de ficar adiada, quem sabe se para os vossos moderados Invernos.
Um abraço,
JL

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Nunca digas desta Fanta não beberei! Nem deste hamburguer não comerei!


O calor na última semana de Julho no Algarve era escaldante! Eu e um grupo de pessoas amigas muito próximas, Vitor, Fátima, Manuela e as suas filhas Catarina e Joana, resolvemos ir refrescar-nos em temperaturas mais amenas. Local escolhido - Estocolmo (temperaturas máxima 21º Celsius, mínima 14º na mesma escala). Vôo Ryanair, low cost directo Faro - Estocolmo, como convém. A bordo, entalados entre cadeiras num voo de 4 horas, uma sandocha de pasta de frango com maionaise, em triangulos de pão bimbo, enriquecida com uma folha de alface, enganaria qualquer estômago, não este já empedernido de petiscos e copos de murraça. Duas cervejolas Carlsberg clarearam a garganta.
Chegámos então ao aeroporto de Skavsta e, após alguns desencontros para a obtenção de bilhetes, embarcámos no autocarro que, passados 1 hora e 20 minutos de viagem, nos deixou na proximidade do hotel.
Feito neste o check in e dada a hora tardía, procurámos que manducar. Restaurantes fechados ou a fechar. A mim, com horas mal bebidas e mal fumadas, arregalaram-se-me os olhos para uma rulote onde se vendiam cachorros e para o bar em frente, onde saltavam para a chapa canecas de 1/5 litro de cerveja. Estou safo, pensei eu na minha ingenuidade, antevendo o momento de me abesalgar com duas ou três! Qual quê! Eis senão quando alguém vislumbra uma casa de hamburguers! As miúdas adoraram a ideia e as mães acompanharam-nas. Procurei apoio e conforto no ombro amigo do Vítor. Liminarmente colocou-se à margem das minhas preversas intenções. Isolado e fragilizado capitulei, rendi-me.
Posto isto e derrotado por 5 a 1, avançámos para a hamburgaria. O Vitor, alegremente escolheu um hamburguer acompanhado por um copo de meio litro de Fanta laranja. Ainda recalcitrante e quizilento, para contrariar optei pelo mesmo menú, mas com Fanta tutti-fruti.
A figura caricata que fizemos captada por uma câmara papparazzi, que peço não divulguem,é qualquer coisa como a de dois Simãozinhos a grunhir "mac mac mac, mac mac mac"!



O presente post foi por mim alterado e reeditado por razões que se invocam em comentário.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O meu amigo Pakey

Quem escreveu "Jaz morto e arrefece" era muito maior do que nós, é figura de culto, de conferências, de palestras, de teses de mestrado e de doutoramento e outras 'academices'. Que me perdoe o atrevimento quem quiser reclamar, mas vou surripiar-lhe a expressão e a inspiração para referir-me ao meu amigo Pakey, ontem falecido, antes que ele arrefeça e eu perca o fio à meada compridíssima das boas recordações que alistarei enquanto a memória me permitir.
De uma maneira geral todos temos dificuldade em falar da morte, quer porque se trata de uma situação na maior parte dos casos dolorosa, quer porque há milénios coloca-nos uma série de interrogações. Quando a morte ocorre nas nossas famílias ou no nosso círculo de amigos, e temos de frequentá-la contra todas as resistências, vivemo-la com a maior das frugalidades e tratamos de despachá-la rapidamente. Mas, por enquanto, ainda me lembro de como o Pakey ficou desfigurado pelo cancro e sugeria, nos seus últimos dias de vida, a imagem que temos dos judeus encanzelados dos campos de concentração ou, numa versão mais ternurenta, os simpáticos extra-terrestres de olhos esbugalhados dos "Encontros Imediatos do Terceiro Grau", de Steven Spielberg. Apesar de fisicamente depauperado, sulcou até ao fim a sua finíssima onda de humor, que se erguia quando menos se esperava. Teve sempre na ponta da língua a palavra adequada a cada situação, como se costuma dizer, e por isso as suas tiradas de humor eram disparadas com a velocidade de uma bala, quase sempre inofensivas porque não se lhe conheciam más intenções. Poucos minutos antes de nos deixar e na presença de um relativamente numeroso grupo de amigos, quando a filha, sentada num banquinho ao lado da cama onde jazia, virou-lhe as costas para sussurrar a uma amiga que fosse à cozinha preparar um café para o médico que denodada e amavelmente acompanhou-nos noite e madrugada dentro, disparou o seguinte e muito irónico chiste: "Eh lá, meninas, o que vem a ser isto?! Não se dizem segredos diante dos doentes!" Teria decerto pensado no facto de, contra todas as evidências, ter-lhe sido sempre omitido o nome da doença e a gravidade do que padecia e de, nas últimas horas, as pessoas em seu redor, uma vez ou outra, após observarem se ele estava ou não atento ao que se passava, dado ao seu estado de prostração e de aparente semi-vigilância, fazerem sinais e murmurarem coisas em direcção à porta do quarto do qual, pé-ante-pé, se aproximavam os amigos que montaram guarda na última noite e se queriam inteirar de como evoluíam as coisas. Porque naquele momento estivesse muita gente no quarto, foi um instante de hilaridade geral e o ambiente ficou aliviado.
Não conheci ninguém que zombasse tanto da morte como o Pakey. Numa ilha em que quase todos se conhecem, os enterros são muito concorridos e inúmeras vezes encontrei-o nas marchas vagarosas a caminho do cemitério, sendo ele a minha companhia predilecta, pois esconjurava melhor do que ninguém os fantasmas que povoam aqueles ambientes e cumpria com maestria uma curiosa tradição dos ilhéus: "Trá terra de môrte", uma expressão crioula que, traduzida à letra, quer dizer "tirar a terra da morte"... é que depois das pazadas com que se entopem as sepulturas, o pessoal iniciado dirige-se aos botequins de sua afeição para beber uns cálices de grogue - aguardente de cana de açúcar -, a fim de lavar as goelas ressequidas pela terra dos covados. Há cerca de um ano, combinámos que eu passaria pelo seu escritório para juntos acompanharmos, no meu carro, o funeral do dr. Adriano, uma pessoa ilustre cá da ilha. Como estava cheio de trabalho nesse dia, pediu-me que fosse buscá-lo depois da missa de corpo presente, mas advertiu-me que não chegasse atrasado. Não era que o finado desmerecesse, mas o padre levou mais de hora e meia a pôr sobrescritos nas cartas de recomendação, de maneira que quando , finalmente, passei à porta do Pakey, estava ele farto de esperar e disse-me afogueado: " Caramba! Pensei que o dr. Adriano tivesse ressuscitado e já não houvesse funeral!"

De modo que já se previa que o velório do Pakey, além de muito participado, desse lugar a episódios lúdicos. E foi tanto assim que alguém contou que o Pomba, músico e rapaz muito rodado nessas andanças, fora chamado para tocar na banda que ia acompanhar o enterro do pai de um grande amigo. Conhecedor das ruas por onde seguiria o cortejo, o Pomba, que intercala grandes estiagens com períodos de rega incontinente, esgueirou-se para o bar de Nha Dadó, na Rua do Côco, onde aguardaria que o féretro passasse, enquanto beberia dois ou três cálices, após o que voltaria a juntar-se à banda. A Rua do Côco é contígua ao largo da Igreja Matriz, onde se rezam quase todas as missas do género, e é por ela que passa a maioria dos funerais. O que o Pomba não podia adivinhar é que a família do extinto decidisse à ultima hora que, em vez de seguir pela Rua do Côco, o séquito percorresse a Rua da Luz, uma via paralela, onde se situava o escritório do falecido, para mais um gesto de homenagem. Entretido e embalado à mesa do botequim, entre uns tragos de grogue e o dedilhar do violão, deixou-se estar até ver, subitamente, entrar bar adentro os companheiros da banda, que traziam os sapatos cheios de terra. Eis, então, que o Pomba despertou e perguntou: "J'ás rancá?", que em português significa "Já largaram, já partiram? - para o cemitério, deve presumir-se -, ao que os outros responderam: "Já nô vrá! Nô bem trá terra! (Estamos de volta, vimos 'tirar a terra'!)".

JL

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Lobisomem para os lados do Alto da Caganita

Não resisto a publicar este excerto. Que me perdoe o autor. Dir-lhe-ei em tempo. O livro vai sair em breve.Estas lendas ~fazem parte parte do nosso imaginário..

“Estes calores são de mais, o tempo vai mudar, ora se vai… sinto-me assovacada por uma forte dor nas cadeiras, as minhas cruzes latejam que nem pandeiros”, disse Maria Pingalha. Maquinalmente alisou a cabeça e, de seguida, o seu branco e ralo cabelo enrolou, um carrapicho embaraçou e, lá no alto, o prendeu com pretos ganchos que da boca retirou sem se deter. Sim! Ela sem se deter assim continuou. “Sabem a última novidade? Ontem, noite de lua cheia e a altas horas, foi olhado um lobisomem horrendo! Um lobo preto e feroz que vagueava p’lo Alto da Caganita. Dizem que era a alma penada do João Malcriado da Cova da Onça que andava a espiar a ruindade!”. “Oh que horror! Santo Cristo nos valha!, e se se arrima ao Largo de São Pedro, quem o apazigua?”, carpiu Pisca Pêdioca. Logo disponível Xaroca Azul encomendou, “Só o nosso vizinho, o corpanço Chapa d’Aço que lhe sobra tento para o esganar! A avantesma com corpanzil de lobo, tem que padecer de uma sangria de jorro para que lhe seja quebrado o feitiço”. Maria Pingalha, aparvoada, esbugalhou um sim, amedrontada.
“Ah!, que as bentas tábuas do sacrário nos acudam!”, persignando-se rezou ais a beata do Pardal Preto.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Hugo Chaves e a praia de faro


Bom. Dou de barato que é necessário disciplinar o trânsito, disciplinar os funcionários da câmara, disciplinar o estacionamento na 5 de Outubro, disciplinar o estacionamento no Largo do Mercado, disciplinar a hora dos bares da baixa, disciplinar o parque campismo da Praia de Faro, disciplinar as esplanadas da 5 de outubro e do Largo de S. Pedro, disciplinar os ares condicionados, disciplinar as entidades que com a Câmara se relacionam, disciplinar tudo o que está indisciplinado. Mas agora, com os nervos, pergunto eu:
Como vou para a minha praia de Faro, não sendo Farense, mas que adoro como qualquer nativo, ou talvez mais? Deixo o carro antes da Ponte e vou de combóio até à Ponte, preparado para 2 Km até à zona da minha borracheira? Vou no barco que não pode navegar porque tem mais de nove metros?
Como Farense, se a praia me era condicionada, agora é-me vedada. Hugo Chavez dicit. Na velha máxima, para uns dura lex sed lex, para outros molaflex, molaflex. Os gajos com estacionamento lá se vão orientando...
Brincamos, ou colamos cartazes...
Moss Caló ilustra o texto que para tanto não tenho engenho...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mais uma "quartafeiradeglória"


Hoje é mais uma "quartafeiradeglória". Aguardando as 7 badaladas vespertinas a que acudo descendo a rua em direcção à Adega Amável, quero dizer aos meus amigos que ela se iniciou bem cedo, perto de onde eu e o John Leão desfrutamos das delícias do estio barlaventino. Refiro-me a Vale de Centeanes, entre Lagoa e Carvoeiro. A jornada iniciou-se bem cedo, com uma partidinha de golfe no Gramacho (Grupo Pestana), eu e mais 7 amigos. Como essa coisa do golfe trato em blogue próprio (esfolagolfclub.blogspot.com)passemos à conversa de tertulianos. Após a partidinha que teve início às 7.50h, dirigimo-nos para casa de um filho de Olhão, grande negociante de peixe por atacado e para exportação. Sardinhas de Quarteira e Portimão (a primeira mais grada, mas do tamanho que agrada aos algarvios), besugo miúdo, parguetes, bicas, lulas, carapau. Tudo da nossa costa e do dia. Tintol de várias e boas marcas (alentejanos na maioria) e, para quem quisesse (foi o meu caso) um magnífico champagne (do franciú, pois claro!)que um amigo meu, e sócio do dono da casa, providenciou.Escusado será dizer que o bom medronho algarvio encerrava as hostilidades, ao qual eu não aderi, não pela estrada que tinha que galgar mas pelo champagne que me refrescava alma e garganta. O anfitrião era um típico olhanense, nado e criado no bairro do Bate Cú (não é só em Faro que existe). Foi proprietário de um "cabaret", nos anos 60/70, em Olhão, frente onde hoje é o mercado. Era o Bagdad. O terceiro a abrir numa série de "grandes casas", iniciada com a Romântica do Italiano Alberto, depois o Pescador, a seguir este Bagdad e, por fim, a Nave, onde ao fim de semana actuava o Marco Paulo, então a cumprir serviço militar em Beja. Tenho duas cenas no Bagdad de onde me saí sempre mal. A primeira com o ainda vivo Manuel de Oliveira, então o treinador de futebol do Farense. Era contestado pelos apoiantes do Reina (levara o Farense à 1ª divisão), entre os quais eu me contava e, sobretudo, pelo Dr. Cassiano que o acusava de dopar os jogadores. Não sei porque motivo, talvez copos a mais, o mister Oliveira embirrou comigo, chamando-me "Cassianito", quiçá por confundir-me com um dos filhos do distinto médico. Empurrão daqui, grito de acolá, confusão... e o homem não me saca de uma pistola e ameaça-me? Não me borrei porque não tive tempo. Fui transportado no ar para a rua, tendo o enfurecido treinador permanecido no estabelecimento, talvez pelos cocktails e garrafas de espumante que estavam por pagar e que as alternadeiras iam derramando por debaixo da mesa. Tempos depois dirigi-me novamente àquela nobre casa. Marcado como estava pelo porteiro, foi-me vedada a entrada. Nos meus imbecis 17 ou 18 anos, levanto a grimpa, saco do cartão da Berlitz (listado na diagonal a verde e vermelho) e aponto-o à face do matulão acompanhado de um "Sabe quem eu sou?". Só me recordo do soco (mais parecia um coice) que levei, indo para ao meio da estrada. E lá recolhi a penates, com o rabo entre as pernas e a frustração de não dançar com a Maria, uma alentejana roliça e bonitinha que por ali atacava.
Voltemos ao petisco de Centeanes. A coisa terminou em beleza, com a presença de um popular artista de "musicól",Dino da Conceição, cujo cartão de visita se publica. Com um currículo curioso (jogou no Portimonense no tempo do Alexandrino e já foi à televisão no programa "Preço Certo") o homem tinha um reportório de grande variedade e dotes de imitador, que fizeram a alegria dos presentes: fados do Marceneiro, do Farinha, do Carlos Ramos e, imaginem, do Joaquim Cordeiro!
Mas, passe a modéstia, quem fez a assistência vibrar foi cá o vosso amigo com o nosso hino não oficial "Casei, tive um menino".
E até logo que já são um quarto para as sete.

...para que de música não pereçam...


Tinha o texto escrito. Armei-me em conhecedor e ao tentar colocar uma foto da Natalie Cole tirada da net, lá se foi o trabalho. Vou tentar reescrever o texto e deixo para o Carlos Alves a tarefa que ainda não domino. Para a próxima, já lá estou.
Pois bem, 16 e 17 de Julho ficam marcados por dois concertos memoráveis, aqui bem perto. Pelo menos, para mim.
A 16, em digressão por grandes cidades europeias, caiu em Olhão a Natalie Cole. Essa mesmo. Grande senhora do Jazz e R&B. Foi um espectáculo irrepreensível, numa noite com a serenidade que só as noites algarvias têm. Com mais de 60, mas com presença e vitalidade de 40, brindou-nos com "Fever" na abertuta. "When I Fall in Love", "Miss You Like Crazy", "When I Fall in Love", "Wich You Love" e uma fantástica versão de "Old Man" do grande Neil Young seguiram-se num espectáculo crescente de empatia com o público. O momento alto foi o inesquecível "Unforgettable", em diálogo com o pai, o lendário Nat King Cole, que as maravilhas da tecnologia nos permitiram voltar a "ouver". Ele que deixou a filhota com 5 ou 6 anos.
A 17, depois de um espectáculo intimista de Kurt Elling (considerado por muitos como a voz masculina actual do Jazz), no Jardim da Verbena - visitem, que vale a pena- pela meia noite, aterrei na concentração motard para ver o Roger Hodgson, eterno vocalista dos Supertramp. Impressionante ver mais de 30 000 cúmplices motoqueiros entoar músicas como "Dreamer", "Give a Little Bit", "Logical Song", "Sister Monshine", "Home Again" e tantas outras de que o tempo me roubou o nome, mas não os inconfundíveis acordes dos teclados de Hodgson, com aquela voz irrepetível, que ainda continua a emprestar às suas interpretações.
Registo para a tranquilidade que se respira entre aquela mole humana que no terceiro fim de semana de Julho, todos os anos, teima em vir a Faro à procura de vivências que cada ano vão reinventando. Os respeitos ao Zé Amaro e à sua tropa motard.
Pois é, a 16 e 17 de Julho entoei velhos temas conhecidos e dei comigo a dar ao pé, levado por memórias com quase 40 de vida.

sábado, 17 de julho de 2010

Da ilha de São Vicente aos arredores da ilha de Faro

Caro Caló,

Acho que vou responder afirmativamente ao teu convite, pois parece-me um ambiente que também gostaria de frequentar. Estórias de taberna bem contadas dão-me um certo gozo.

Estes dias sopra na minha segunda intimidade - a que vem a seguir à Ivone, aos meus filhos e a meia dúzia de parentes de sangue - uma ventania mórbida, que urge escorraçar. Mas não sei como fazê-lo. Como não sei com rigor invocar o divino nem acredito piamente nos meteorologistas da alma para me ajudarem a afastar a tempestade, aguardo que passe com a possível serenidade. Na mesma semana faleceram por esta ordem três dos meus afins: primeiramente, na Bélgica, um amigo que ali se exilara e para sempre ficou - o Jorge Leiria conheceu-o em minha casa, em Alporchinhos -, logo a seguir a irmã conflituosa de um amigo do peito, mas que desde garoto me dedicava alguma atenção e, por último, o Toi Duarte, um castiço comerciante mindelense dos tempos do meu pai, com quem eu cultivava laços de afeição e de muito respeito - para mim, isto ainda existe. Como se não bastasse, o Pakey, que viste de passagem no ano em que vieste ao Mindelo, definha e esmorece, ora numa cama de hospital, ora em casa da Nanda, num estóico combate contra um monstro prolongado, que me tira o sono

De modo que estou para o vosso blogue um pouco como estava a novel criada do Chico Melo, no mês em que lhe morreram de uma assentada dois irmãos e uma cunhada. Farta de servir pratos de canja nos velórios, que em São Vicente ainda se fazem em casa dos defuntos, disse assim para o meu amigo Jorginho, filho do Chico: - Senhor Jorge,no fim do mês vou-me embora de casa do seu pai, pois desde que entrei ao serviço já lhe morreram 3 pessoas -, ao que o Jorginho retorquiu: - Ó menina, pensa bem no que vais fazer porque com este currículo não sei se arranjas tão depressa outro emprego.

Um abraço e... até ver.

JL

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Mais um Leão ao nosso lado


Na Taberna Amável pudemos (re)encontrar o petisco e não a comida,o copo e não a bebida, e a conversa fiada. Há uma expressão curiosa do Estado Novo ( que é o estado anterior ao estado a que isto chegou), da autoria do António Ferro, que é a "Política do Espírito". Para o bem e para o mal, fizemo-nos com/contra ela. Seja como "foi", na taberna amável exercitamos a curiosidade, quiçá paixão, pelo "espírito" das coisas, - seja do "rating" da república ou das finanças pessoais, da poesia ou do futebol, do rock ou do fado, do destino dos povos ou do marido da vizinha. Não é uma questão de importância, é uma questão de intensidade momentânea. Esta conversa fiada não podia ficar circunscrita a meia dúzia de pinguços que se encontram uma vez por semana, durante 3 ou 4 horas, entre quatro paredes caiadas, um cheirinho a alecrim, um cacho de uvas douradas, quatro rosas num jardim. A Tertúlia Amável vai cruzar o oceano e trazer de Cabo Verde um enorme amigo. O John Leão é um dos nossos!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Grandes pingas I


De vez em quando o meu palato tem a sorte de receber a visita de um grande vinho. Este fim de semana foi premiado com um Pera Manca de 2001. Comecei por franzir o nariz à data, pois cada vez mais aprecio vinhos jovens.Mas por alguma razão o Pera Manca é talvez mais respeitado de todos os vinhos alentejanos. Engarrafado somente em anos especiais pela Adega da Cartuxa, este 2001 está em boa forma para sair do descanso e ir pro copo. Com castas da região, 60% Trincadeira e 40% Aragonez,mostrou força, como se os 8 anos não tivessem passado.
Esta pinga mereceu que me desse ao trabalho de partilhar com os meus confrades algumas coisas respingadas sobre a história que precede esta grande Adega.
A CARTUXA DE SANTA MARIA SCALA COELI foi construída em Évora, entre 1587 e 1598. Após a Restauração, a Casa de Bragança enriqueceu artísticamente a igreja, momumento nacional: do Séc. XVII tem o pórtico e fachada de mármore, e no século seguinte, de D. João V herdou o retábulo de talha dourada.
O mosteiro em si é pobre e simples, mas espaçoso: o claustro, com jardim dum hectare, é o maior de Portugal. Nele se encontram as celas, onde os cartuxos se consagram à oração na solidão e no silêncio. Das celas vão ao coro três vezes, Missa de manhã, Vésperas à tarde, Matinas e Laudes à meia-noite: quatro horas de canto gregoriano, sem acompanhamento instrumental, parte em latim mas a maior parte em português.
Como pobres de Cristo, os próprios monges atendem à manutenção da comunidade. A austeridade da sua vida permite ter tempo para uma larga dedicação, na cela, às ocupações do espírito: devoções, leitura, meditação, contemplação.
Em 1834, com a expulsão das ordens religiosas, o mosteiro passou a ser do Estado que o aproveitou para Escola de agricultura (a monumental igreja serviu de celeiro). No fim do século a família Eugénio de Almeida adquiriu as ruínas. Em meados do séc. XX o bisneto, Vasco Maria, Conde de Vil’alva, decidiu restaurar o mosteiro e devolvê-lo à Ordem. Sete foram os fundadores em 1587 e sete os restauradores em 1960.
O mosteiro fica perto de Évora e o seu sino, especialmente o da meia-noite, faz parte do encanto da cidade património da humanidade.

Muita saúde para Cartuxa e Cartuxos é o que se deseja.
Carlos Alves

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Sporting, os Pinguços e os Cabeçudos


Saí mais cedo do trabalho para ver o jogo Sporting - Young Boys. Não dispondo do chamado "canal dos ricos" dirigi-me à Adega Amável, e amavelmente solicitei ao taberneiro que ligasse a televisão mesmo que sem som.
Pergunta-me o João:
- Vai dar algum jogo?
- Sim, o Sporting!
Preparando-me para arrostar com um chorrilho de perguntas antes que a ligação fosse estabelecida, eis que sou salvo pelo gongue dos copos a tilintar e da gaveta da caixa registadora a cantar, já que de registo, presumo, pouca função terá.
Foi feita a minha vontade.
Não sem surpresa chega o primeiro pinguço que, prantando-se ao meu lado, me chaga o juízo:
- Quem está a jogar?
- O Sporting, esclareço.
- Com quem?
- Com os Young Boys.
- Aonde?
- Na Suiça.
E por aí a fora.
E outros pinguços vão chegando, vão-se substituindo e, à base de barrigadas, encostos de ombro e pequenos toques de cotovêlo no meu fígado há muito debilitado, vão repetindo as mesmas perguntas, ao ouvido, com um bafo morno já tisnado da bebida e dos cigarros de enrolar do dia. E os jogadores a correr, e a bola (jabulu ou jabiru ou lá como é que se chama, esta de côr laranja) a rolar.
- Estes gajos, pelo nome devem ser ingleses, palpita um!
- Olhe, são da xôxinlandia, apeteceu-me dizer.
Prudentemente calei-me.
Mas o pior estava para vir! Apercebendo-se da minha cada vez maior sizudez, entravam pelo caminho da provocação sórdida e velada:
- Quem são aqueles gajos que não jogam nada? (referindo-se às cores alvi-verdes);
- Quem é aquele ponta de lança que mandou de cabeça a bola à barra? (conhecendo de ginjeira o figurão que se dá pela alcunha de o Maniche).
Foi então que perguntei a mim próprio, o que levará esta gente, que visivelmente se está marimbando para o Sporting e para o jogo, a chatear um cristão, que visivelmente quer desfrutar do mesmo?
A resposta é simples e exige alguma reflexão.
A maioria do povo português é, por defeito, cabeçuda. Quem assume outras simpatias clubísticas, fá-lo por opção, e é excluído do lote dos clubisticamente correctos.
Os cabeçudos por defeito (ou batanetes, ou lampiões, como lhes queiram chamar) não são de um modo geral agressivos, mas são chatos e impertinentes. A esta atitude despropositada resulta, muito provavelmente, do sangramento económico a que os sujeitaram vários governos, mais mundanamente e em consequência, da falta de dinheiro para o copo ou, quiçá, do receio de que a mulher, mais tarde ou mais cedo, lhes ponha as grinaldas.
Por mim, dispensarei ver o meu clube na televisão em locais públicos. E se ausências do meu amigo Vitor Pelica - companheiro de serões de bola - a isso me obrigarem, não terei outro remédio senão assinar, em fim de carreira e com o Joaquim Oliveira, o contrato da minha vida.

Jorge Leiria

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O senhor tem cabeça de porco?


Ontem voltámos a deliciar-nos com a excelente cabeça de porco da nossa Adega Amável.
Se há comida adequada à crise é uma cabeça de porco. Uma cabeça de porco alimenta 4 ou 5 mânfios nas calminhas (tem à volta de 5 kilos). É fácil de adquirir (porque quase todos os talhos têm porco e porque os porcos têm todos uma cabeça)e é barato (não chega a um euro por quilo). No talho não pergunte “tem cabeça de porco?” pois o cachaço de alguns talhantes muitas vezes não é de dimensões inferiores ao cachaço de um suíno com 16 ou 17 arrobas.
O segredo da preparação é lavá-la muito bem lavadinha(lavadinha, toda crua...)e rapá-la bem. À falta de depiladora, pode usar uma navalha e imaginar-se o Pavão a fazer a barba ao saudoso Dr. Gonçalves, professor de matemática no Liceu de Faro, algumas décadas atrás. Não usar creme de barba nem aftershaves (pode alterar o sabor).Após a raspagem esfregue bem a cabeça com sal.
Numa panela grande aloure em azeite seis chalotas inteiras e seis dentes de alho descascados, um alho francês e duas cenouras, tudo cortado aos bocados. Deposite a cabeça (do porco)na panela e entorne-lhe meia garrafa de vinho branco, entre meio e um litro de caldo de galinha e, por fim, um cálice de cognac. Junte-lhe uns grãos de pimenta preta, sal, louro, um molho de ervas aromáticas e um talo de aipo cortado em troços . Tape e leve ao forno em lume brando, cerca de três horas. Vá abrindo e molhando. Fica pronto quando a carne se começar a despegar da ossada.
Retire a cabeça inteira para cima de uma tábua, com uma faca afiada, comece a descascar a cabeça de cima para baixo, aos bocadinhos. Lance-lhe coentros em abundância e alho picadinho. Já frio, na travessa ou no prato, tempere a gosto com azeite virgem e vinagre de qualidade.
Pode integrar também a orelha, mas não aconselho pois esta é bem mais rija e para sua limpeza não bastam cotonetes.
Tertuliense Caló

domingo, 4 de julho de 2010

O Amaro, o Azeite, e o Nosso Senhor dos Aflitos


Ainda sobre Olhão, e da mesma fonte da carta do marítimo, segue esta história e foto:
"O Amaro era um marítimo que nos seus últimos anos ganhava a vida apanhando as "cascas" do choco que geralmente era desperdiçado por todos. Certo é que estas "cascas" depois de moídas eram comercializadas.
O Amaro era também muito religioso e todos os dias ia ao Senhor dos Aflitos (nas traseiras da Igreja Grande) rezar. O sacristão, que gostava de fazer partidas aos mais simples que, como o Amaro, lá iam rezar e pedir, resolveu um dia brincar com ele.
Assim, ficou à espera que ele lá chegasse e começasse com os seus pedidos íntimos ao Senhor.
Quando este terminou e voltou as costas para se ir embora, o sacristão escondido por trás do Senhor dos Aflitos, fazendo voz de alma-penada-do-outro-mundo diz:
- Vê lá se para a próxima trazes um litrinho de azeite!
Lembramos que na época a iluminação não era eléctrica e o azeite era usado para, em lamparinas próprias, iluminar os santos. Era por isso, frequente os fiéis fornecerem o azeite.
O Amaro voltou-se, espantado com a voz do outro mundo, e olhando para o Senhor dos Aflitos, respondeu:
- Entãããã? Nã me digas que também te ofereceram uma teca de peixe espada p'ra fritar!..."

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Uma proposta para o bem estar dos pinguços


Após uma longa jornada de luta, iniciada noutras paragens, que se desenrolou ao longo de toda a tarde e parte da noite, a fadiga apoderou-se-me das "gâmbias" e veio-me a ideia da imagem em anexo. Ao tertuliano engenheiro mecânico solicita-se o projecto técnico.
Convém ainda registar o excelente tapeamento de ontem, já que a acta ficou por elaborar, tamanha era a "lanzeira" provocada pelo bafo quente da noite.
Uma cabeça de suíno devidamente fragmentada, "esquisitissima" como dizem os espanhóis para designar o carácter refinado de uma iguaria (ficou-me o espanhol no subconsciente depois da derrota de Portugal, essa também esquisitíssima, mas de acordo com o significado do adjectivo em português). Uma estupeta de atum fresquíssima, como exigia a temperatura e uma saladinha de polvo mais uma vez bem trabalhada.
Cante alentejano durante a tarde e "music hall" à noite alegraram o espírito, tanto como o super branquinho.
Podia-se viver sem a Adega Amável? Podia-se, mas não era a mesma coisa!
Tertuliano Caló

domingo, 27 de junho de 2010

A carta do marítimo de Olhão


Tratando-se uma das peças mais emblemáticas da "fala" de Olhão, terra ímpar nas história e cultura algarvias, publica-se a famosa carta que, tal como a foto, foi retirada do blogue APOS, um excelente trabalho de António Paula Brito em prol da sua terra.

"Farcisca
À díase, do mar dâse Berlêngase, a sete bráçase e mêa d' água, embararem-se-m' âze grósêrase, cande vê de lá o mariola do tê pai e me dezeu assim :
- Ó hôm!!! tu ése um montanhêre, hôm! Tu fázez um grande salcrafice em virese ó mar !!!...
- Má o que é que você me dize, hôm?!
- Digue-te iste e nã casase ca 'nha filha !
Alha-me-ze Farcizeca ! ê cá ântese cria cu tê pai me dèsse doi ó trê estragaços da cara, q'êl me dessesse aquil que tá ali à vizete de gente!

Viémese pá terra e a companha do barque nã falava doutra coisa.
Nísete, vê de lá o mane Zé Xaveca e me dezeu assim:
-Mó, ó móce! Na te zánguese, ná t' arráleze, móce! Taze-te arralar?
- Atão nã m´ êde arralar?
- Nã te ralese rapá, se nã casáreze c'a filha dele casaze cá c'a minha hôm!


É p'a que vêisase, Farcizeca, quê cá inda tenhe pretendêntase. Tu pensase cú tê pai é o Prencêse D.Carlos? A tua mãi a Rainha D. Imélia e os tês ermãos os Enlefantesinhos ?
Alhamese ! ele é mai brute cá mãi dos penhêrese do mane João Luice.

Dêxa lá cuma viage quê face ó mar de Larache , ganhe o denhêre às braçadase. Compre um chapé de côque, uma vengala, botas de rengedêra com tapadôiraze, passe a barlavante da tu porta e arraste os peses cóm' um gal. Tu vêse-me e falase-me, mai ê cá veje-te e nã te fale.

Mai, sê cá sentir alguma coisa do mê côrpe, ai 'nha mãe!!! Digue logue que forem vocêiaze que me fizerem mal! Qu'ê cá nã quér que vócêiaze andem a falar mal de mim p'êssese tânquese e rebêrese!

Ê bem sê que tu tenz' uma linda máineca de quez'tura, mai ê cá na sei s'èze tan prefêta de mãoze come dizeze.

Na m'arrale! Cá só quer que tu t'allêmbreze dos mês doze brenhoisinhes (ponha lá iste da carta,mano Manel, qu'ela já m'entende).

Digue tiste e nã memporta com o pôrque do tê pai.
Perdoi a arção.

Embróise"

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Poesia amável


Com dedicatória especial ao meu amigo Afonso Dias, aqui vai um poema da Hélia Correia

Só assim será poema

Que o poema tenha carne
ossos vísceras destino
que seja pedra e alarme
ou mãos sujas de menino.

Que venha corpo e amante
e de amante seja irmão
que seja urgente e instante
como um instante de pão.

Só assim será poema
só assim será razaão
só assim te vale a pena
passá-lo de mão em mão.

Que seja rua ou ternura
tempestade ou manhã clara
seja arado e aventura
fábrica terra e seara.

Que traga rugas e vinho
berços máquinas luar
que faça um barco de pinho
e deite as armas ao mar.

Só assim será poema
só assim será razão
só assim te vale a pena
passá-lo de mão em mão.


Hélia Correia é mais conhecida como ficcionista, mas que está incluida na Antologia Poesia 71, de Fiama Pais Brandão, lá isso está; que José Fanha a incluiu na sua Antologia Poética da Resistência, é verdade; que Mafalda Arnaut, Vitorino, Amélia Muje, Cristina Branco, Janita Salomé,José Jorge Letria e o GAC(Viva a Ronda da Alegria), entre outros a cantaram, é certo; que esteve quase a ganhar o prémio Camões pelo ecletismo da sua obra - ficção, poesia e teatro- também é verdade.

Do seu livro de poesia Pequena Morte/Esse Eterno Retorno - 1986

Contigo partilhei
os vários leitos dos amigos dispersos. Mesas, sumos,
os degraus mal ardidos do terror.
Contigo um pouco em cada aldeia, enquanto
nada de nós podia ultrapassar
as paredes dos outros que jaziam
no repouso ......

Que o Caló embeleze o post, que para isso não tenho arte.

Augusto Miranda