terça-feira, 10 de agosto de 2010

Dos Alqueives, com amizade


Depois de um ano sem ter colocado os pés na Quinta dos Alqueives - Porches - fomos encontrá-la num estado desolador: cave inundada pela imensa chuva caída durante este Inverno, mato enorme à volta da casa, o tanque/piscina com as águas paradas de dois anos a abrigar a inevitável diversidade biológica (sapos, salamandras, etc.). Tem sido pois uma semana de intenso e imenso trabalho a limpar interior e exterior da casa. Isto é que tem sido esfregar, capinar, carregar "toneladas" de lixo, tudo isto sob um calor abrasador. Mas tem valido a pena, pois a recompensa surgiu passados 5 dias a dar no duro: o tanque já é piscina, o "barbecue" já trabalha e o alpendre está funcional. Ainda há sinais de um certo caos, mas com este meu triângulo vital recuperado os dias já são outros. O triângulo, já se vê, é constituído pelo alpendre, o grelhador e o tanque, distanciados entre eles por meia dúzia de passos.
Tudo isto vem a propósita da desventura gastronómica do meu amigo Jorge, nas suas miniférias nórdicas. Para lhe fazer inveja, tenho então a comunicar-lhe que no alpendre já se concentraram os aromas da incontornável caldeirada, regada com um branco algarvio que vivamente aconselho no combate à canícula. Trata-se do João Clara (adquiri-o no Jumbo de Lagoa por cerca de 4 euros). Um branco muito leve mas bastante aromático, na linha do su hermano Barbadillo.Também já estalaram sobre as brasas umas saborosas sardinhas de Portimão, embora não tenham estado à altura da sua tradição. Também elas acompanhadas pelo meu novo amigo, o tal João Clara.Ontem, com as condições de habitabilidade já substancialmente melhoradas, resolvi adquirir uns percebes de Vila do Bispo, cuja cozedura iniciei por volta das 20h, após uns valentes mergulhos no tanque, já praticamente cheio pela água do furo que para lá corre há 3 ou 4 dias (e se aquilo mete água, são quase 20 metros de comprido por 12 de largo!).
A acompanhar, o quê melhor que um espumante bem geladinho? A escolha recaiu num dos que melhor nos satisfizera numa quartafeira de glória, aqui atrasado, como diz o Augusto.O Côto de Mamoelas. As satisfação repetiu-se duplamente: elas foram duas, as mamadas por mim e pelo meu cunhado Pálinho, também ele pinguço encartado.
Continuou a refeição uma barriga de atum no carvão, acompanhada por um divinal Esporão Tinto, reserva de 2006. Eram já 3 da manhã quando recolhemos aos aposentos, após longa cavaqueira à luz de uma Cutty Sark de 12 anos. O tunídeo trouxe-me à memória o grande dia que aqui tivemos no ano passado, eu e o Jorge e mais o Afonso e o John Leão. Se tudo correr normalmente, uma edição especial de Agosto da Tertúlia Amável terá aqui lugar. Até lá roam-se de inveja (NNHHEUM)!
Tertuliano Caló
Há uns anos esteve na moda falar mal do Algarve. A invasão de estrangeiros, a arribação de humildes paisanos, que conquistaram o direito a férias e os crimes ecológicos e urbanísticos foram argumentos que muitas vezes escutei, contrariado, a gente cheia de manias, que confundindo e copiando mal outras coisas, quis maldizer da minha paixão pela vossa terra. Eu cá sempre experimentei uma imensa sensação de felicidade ao pisar solo algarvio e a fabulosa linha de praias a perder de vista deixa-me fascinado há mais de 30 anos. Neste Verão de 2010 parece-me cada vez mais improvável que aí possa passar alguns dias. Os meus dois filhos que, entretanto, cresceram, estudam e cumprem o serviço militar noutras estações, manifestaram o profundo desejo de vir às ilhas matar saudades nesta precisa época do ano. E a mais do que apetecível participação na vossa tertúlia de Agosto, nos Alqueives, terá de ficar adiada, quem sabe se para os vossos moderados Invernos.
Um abraço,
JL

1 comentário:

  1. Há uns anos esteve na moda falar mal do Algarve. A invasão de estrangeiros, a arribação de humildes paisanos, que conquistaram o direito a férias e os crimes ecológicos e urbanísticos foram argumentos que muitas vezes escutei, contrariado, a gente cheia de manias, que confundindo e copiando mal outras coisas, quis maldizer da minha paixão pela vossa terra. Eu cá sempre experimentei uma imensa sensação de felicidade ao pisar solo algarvio e a fabulosa linha de praias a perder de vista deixa-me fascinado há mais de 30 anos. Neste Verão de 2010 parece-me cada vez mais improvável que aí possa passar alguns dias. Os meus dois filhos que, entretanto, cresceram, estudam e cumprem o serviço militar noutras estações, manifestaram o profundo desejo de vir às ilhas matar saudades nesta precisa época do ano. E a mais do que apetecível participação na vossa tertúlia de Agosto, nos Alqueives, terá de ficar adiada, quem sabe se para os vossos moderados Invernos.
    Um abraço,
    JL

    ResponderEliminar