sábado, 11 de dezembro de 2010

Fado da Tendinha pela mais castiça fadista de sempre

Há atrações literalmente fatais e que podem terminar numa grande confusão. Que o digam a fadista Hermínia Silva , o forcado e o estivador... ora venham daí saber porquê.
Anos 60, restaurante "Solar da Hermínia". Tal como o nome indica, esta casa de fados pertencia à saudosa Hermínia Silva (que em relação ao povo deve ter sido mais acarinhada do que a própria Amália), essa grande fadista popular, do cinema, da revista... enfim, se isto fosse medicina ela teria sido uma fabulosa médica de clínica geral. Percebia de tudo.
Numa noite ela ficou sem guitarrista e não conseguia encontrar ninguém que estivesse livre. Como último recurso, lembrou-se de um tipo que era o "Joaquim Alemão", um estivador que tocava só aos fins de semana. Era o género de guitarrista do desenrasque.
A Hermínia tinha por mania ensaiar o reportório com os guitarristas novos na cave e nesse dia cumpriu a tradição. O Joaquim tinha uma adoração secreta por ela e quando a viu já toda meio produzida engoliu em seco e manteve a calma enquanto ensaiava. Para que não restem dúvidas: A Hermínia era um verdadeiro mulherão, muito vistosa.
Com o vestido justinho, parecia uma viola...
No início da noite começaram os fados e ela era a última a cantar. Quando apareceu com um vestido justinho... parecia uma viola, com as curvas todas acentuadas. Pôs-se à frente do "Alemão", virada para o público, pronta para cantar. Ele começou a tocar, enquanto olhava insistentemente para o rabo dela. Ao fim de uns acordes não resistiu, deu-lhe um palmadão no rabo e disse: "Ah fazenda!".
O marido da Hermínia, que era o Guerreiro, forcado em Benavente, não foi de modas: Saltou da mesa e atirou-se ao guitarrista. A noite de fados acabou por ali, com um verdadeiro duelo entre um forcado e um estivador. Escusado será dizer que o Joaquim teve de meter a viola no saco e sair dali mal conseguiu.
Do blogue "Hist´rias Giras do Fado" por Vital d'Assunção

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