CABELO BRANCO É SAUDADE
Letra – Henrique Rego
Música – Popular “fado das horas”
Repertório de Alfredo Marceneiro
Cabelo branco é saudade
Da mocidade perdida,
Às vezes não é da idade
São os desgostos da vida.
Amar demais é doidice
Amar de menos maldade
Rosto enrugado é velhice
Cabelo branco é saudade.
Saudade são pombas mansas
A que nós damos guarida
Paraíso de lembranças
Da mocidade perdida.
Se a neve cai ao de leve
Sem mesmo haver tempestade
E o cabelo cor da neve
Às vezes não é da idade.
Pior que o tempo em nos pôr
A cabeça encanecida
São as loucuras de amor
São os desgostos da vida.
Para o passado não olhes
Quando chegares a velhinho.
Porque é tarde e já não podes
Voltar atrás no caminho
É como a lenha queimada
Dos velhos o coração
As cinzas são as saudades
Dos tempos que já lá vão.
Quando o Caló canta o fado castiço há um não sei quê de Marceneiro que paira no ar da Adega Amável. Aprimoro-me nas entradas do baixo da guitarra e ele entra sublime com o " Cabelo branco é saudade". A primeira quadra sai sempre nos trinques. As outras...
Lá entro eu com esta voz abagaçada que vai melhorando, com a quadra que julgo que não é de nenhum fado do Marceneiro, mas que um tio meu cantava "com lídima expressão e voz sentida" que só o Marceneiro empresta ao que canta
"Quem me dera dera dera
Estar sempre a dar a dar
Abraços e beijinhos
Sem nunca mais acabar"
Como o Caló anda sempre às aranhas com a letra do fado em que se aproxima mais do grande mestre, aqui fica o registo, apesar de o levar em papel para o arquivo da Tertúlia na Adega.
Augusto
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